No âmbito do nosso projecto “ O Colégio de São Gonçalo: Ontem e Hoje”, da Área Curricular Não Disciplinar de Área de Projecto, colocamos algumas questões à Irmã Fátima, ex-docente no nosso Colégio, sobre a sua vivência nesta instituição.
Onde nasceu?
IF: Nos Açores, concretamente na Ilha do Faial.
Durante quantos anos esteve ao serviço do Colégio de São Gonçalo?
IF: 24 anos.
O que a levou a ingressar na Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras?
IF: Um apelo de Deus e um desejo muito grande de praticar o bem, imitando as Irmãs maravilhosas que conheci no Colégio onde estudei.
“Onde houver o bem a fazer que se faça”. Este lema das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras influenciou de alguma forma a sua obra no Colégio de São Gonçalo?
IF: Tanto quanto fui capaz, não me poupei a esforços para desempenhar bem a minha missão, nesse grande espaço, CSG, para onde a Congregação me enviou, em 1977.
Quais os princípios a que obedece a sua Congregação?
IF: A CONFHIC (Congregação das Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição) segue, como princípio fundamental, o Carisma da Hospitalidade, expressão da ternura e misericórdia de Deus para com todos, especialmente para com os mais necessitados.
Sente-se realizada enquanto Irmã Franciscana Hospitaleira?
IF: Sim, e muito consciente de que cada um de nós ao fazer uma opção deixa muitas de lado, mesmo sendo boas. Assim, decidimos agarrar aquela que mais nos cativa e fazemos dela o nosso projecto de vida. É nisto que consiste a verdadeira felicidade e eu SOU FELIZ.
O que mais lhe agrada na difícil tarefa que é ensinar?
IF: É quando sinto que alguém (aluno/a) sintoniza comigo, numa ânsia de querer saber sempre mais, e se empenha naquilo que lhe é proposto.
Que disciplinas/áreas curriculares não disciplinares já leccionou?
IF: Leccionei particularmente História e EMRC.Português, Estudo Acompanhado e Formação Cívica também fizeram parte do meu ensino.
Qual a disciplina que mais lhe apraz leccionar?
IF: História.
Que qualidades aprecia em particular nos seus alunos?
IF: A responsabilidade pelo trabalho que lhes é pedido e o respeito pelo ambiente da sala de aula.
Actualmente, desempenha a sua missão no Colégio da Bonança. Descreva-nos o seu quotidiano.
IF: A minha missão no CNSB é menos absorvente do que no CSG, pois sou apenas docente e prefeita junto de um pequeno grupo de internas. Para além disso tenho actividades ligadas à vivência religiosa numa Comunidade de 20 Irmãs.
A sua passagem pelo Colégio de São Gonçalo é recordada por muitos, ainda hoje. Como avalia o trabalho aqui desempenhado?
IF: Já quase respondi a esta questão na pergunta nº.4. Porém, numa escala de 1 a 5, acho que posso ser avaliada pelo nível 4, pois como sou muito exigente, olhando para trás, talvez pudesse ter feito melhor, em algumas circunstâncias.
Que funções desempenhou, no Colégio de São Gonçalo, ao longo dos anos aqui passados?
IF: Fui Professora, Directora de Turma, Prefeita no Internato e Responsável pela Secretaria.
Acompanhou, a par e passo, o crescimento do Colégio, quer em termos de instalações quer em termos de número de alunos. Descreva-nos essa evolução.
IF: Quando aí cheguei em 1977, o Colégio devia ter à volta de 700 alunos e pouco mais de uma dúzia de professores. Quando saí, em 2001, o número de alunos triplicara e o número de professores ultrapassava a centena. Logicamente, se o número de utentes aumentou, o espaço teve de alargar também. Uma coisa é certa, apesar da tripulação ter aumentado, procurou-se manter sempre um fio condutor, onde a disciplina, o respeito e o trabalho eram palavra de ordem. Esse bom ambiente deve-se, em grande parte, à figura muito presente do Sr. Padre Clemente, ilustre Director.
Monsenhor Manuel Clemente foi, sem dúvida, o grande impulsionador desta instituição de mérito, que é hoje o Colégio de São Gonçalo. Dê-nos a sua opinião acerca do trabalho desenvolvido por este grande vulto da comunidade amarantina.
IF: O Sr. Padre Clemente é um líder inato. Com um pulso firme, mas com muita dedicação e a tempo inteiro, geriu uma grande “nau”, mesmo quando os ventos eram contrários. Esperemos que a “equipe” sucessora seja digna de tão grande Mestre.
Lembre um episódio particularmente marcante aquando da sua estada no Colégio de São Gonçalo.
IF: Em 24 anos passaram-se muitos momentos dignos de registo. Neste momento, saliento a celebração das Bodas de Ouro do CSG.
Foi para si gratificante o trabalho desenvolvido no internato feminino no Colégio de São Gonçalo?
IF: Sim. Combinando exigência e muita compreensão, acompanhei muitos grupos de jovens, sem registar grandes problemas de relacionamento. Muitas delas ainda me saúdam com muito carinho.
Os tempos mudaram. Recorde as dificuldades que sentiu na acção diária enquanto professora no Colégio de São Gonçalo e compare com os dias de hoje.
IF: Não tenho consciência de grandes dificuldades no meu trabalho, como docente, no CSG. Tive sempre alunos brilhantes e alunos apagados. Soube aceitar as diferenças, mas apelei sempre a mais e melhor. Ainda hoje assim faço, embora encontre terreno mais “pedregoso”.
Relativamente ao comportamento dos alunos, considera existirem diferenças significativas em relação aos de ontem?
IF: Sim, em alguns casos pontuais, sobretudo pela falta de ajuda das famílias que são muito permissivas e pela despenalização existente em relação a certos comportamentos, o que os torna mais frequentes, dificultando o bom ambiente que deve ter uma Escola de Sucesso. Em consequência disto, temos docentes mais desmotivados e muitos deles com problemas de saúde, a nível psicológico, e muitos alunos com baixos níveis de aproveitamento.
Foi-nos dito que a Irmã Fátima acompanha os tempos de hoje e é uma pessoa muito atenta à inovação tecnológica. Como inova nas suas aulas de História e Português?
IF: Sempre gostei de continuar a sentir-me aluna e, sendo assim, nunca deixei de aprender tudo o que pudesse facilitar e aperfeiçoar a minha função docente, participando em imensas acções de formação para professores. Nas minhas aulas, procuro diversificar bastante os trabalhos, privilegiando as novas tecnologias. Além do recurso ao computador e quadros interactivos, recorro à dramatização, debates, concursos e visitas de estudo. Tudo isto é muito do agrado dos alunos.
Sente alguma nostalgia ou saudade dos tempos aqui vividos?
IF: Seria uma anormalidade e fraco sinal eu não me lembrar, com saudade, dessa grande Instituição e de muitos daqueles que aí estão ou por aí passaram e que acompanho à distância, com uma prece ou uma saudação amiga pelos seus êxitos.
Gostaríamos que deixasse uma mensagem para: o corpo docente do Colégio de São Gonçalo e ,por último, para os nossos alunos.
IF: Para os docentes, deixo um pensamento de Raoul Follereau “Todo o amor semeado, cedo ou tarde florirá”. Por isso, não desistam da vossa linda missão de educadores; Para os alunos, cito o filósofo, Sócrates, “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”. Meninos e meninas, sem trabalho, pouco mais do que nada se consegue.
Deixe-nos com um pensamento que considere útil ao nosso crescimento pessoal.
IF: Hoje, melhor do que ontem; Amanhã, melhor do que hoje.
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