quarta-feira, 26 de maio de 2010

Entrevista ao Director Pedagógico Professor José Carlos



Há quantos anos está ingressado no Colégio de São Gonçalo?
P.JC: Há quase 40 anos que estou em contacto com o Colégio, uma vez que frequentei o infantário, tendo feito o 1º ciclo no ensino público e depois voltei para cá no 5º ano, onde fui aluno até ao 12º ano. Tirei o curso e voltei para o Colégio para trabalhar como professor.


Com que idade ingressou no Colégio de São Gonçalo e durante quanto tempo estudou/ensinou aqui?
P.JC: Ingressei no Colégio de São Gonçalo com 10 anos, pois não conto com os dois anos no infantário uma vez que os frequentei nas antigas instalações do Colégio.


Sente alguma saudade dos seus tempos de estudante?
P.JC: Saudade não, nostalgia sim. Não tenho saudade do tempo de estudante. Tenho nostalgia de algumas fases, alguns momentos do tempo de estudante, mas não saudade. Há pouco tempo atrás estava o Senhor Director, eu e mais uns colegas que tive de turma, que agora são aqui professores; estávamos a falar do tempo em que éramos estudantes cá, não foi com saudade, foi com nostalgia porque realmente nós éramos todos bons rapazes e boas raparigas, bem comportados e daí a quantidade de coisas que a gente tem para contar tem a sua graça.


Desde o seu tempo de estudante até aos dias de hoje, o Colégio cresceu muito, tanto a nível de instalações como de número de alunos. Descreva-nos essa evolução.
P.JC: Se quiserem ver o colégio como era antes, como cresceu, vão para a beira do parque de estacionamento e ao olharem para o telhado do colégio, as partes mais escuras correspondem às partes mais antigas. O internato, o infantário e a parte de baixo do bloco A, tendo também o primeiro ciclo. Era isto o colégio quando eu vim para cá. Ou seja, estamos a falar de uma população de cerca de 500 alunos, que comparando com os dias de hoje podemos afirmar que teve uma grande evolução, registando agora 2264. No meu tempo de estudante, não havia quaisquer cursos tecnológicos, nem profissionais, havia Letras e Ciências. A preparação em termos culturais, em termos de exigência, conhecimento e rigor, isso fica dos “bancos de escola”.
O nosso recreio e nas aulas, era rapazes de um lado e as raparigas do outro, não havia aquela confiança entre aluno e professor como existe agora, uma vez que o professor era mais frio por assim dizer.


Enquanto professor que disciplinas leccionou?
P.JC: Enquanto professor leccionei Português e Literatura Portuguesa, apenas ao ensino secundário.


Que dificuldades sentiu no seu quotidiano enquanto professor, comparando com os dias de hoje?
P.JC: Eu nunca tive dificuldades enquanto professor. A minha apresentação no primeiro dia era a seguinte: “Meus amigos eu sou o professor mais democrático e mais democrata que vocês vão encontrar em toda a vossa vida, mas daquela porta para dentro quem manda sou eu e sou eu que imponho as regras”. Ao início pode parecer algo violento, mas foi sempre para partir de uma base de bom convívio, respeito e de salutar boa convivência, quer como professor quer como director de turma. Neste momento, há professores aqui no Colégio que já foram meus alunos, que por vezes eram da minha direcção de turma. Os alunos sabiam as regras com que eu me corria, com que eu funcionava e eu conhecia-os a eles, e eles conheciam-me a mim, apesar de ser mais fácil eles conhecerem-me a mim do que eu a eles, mas eu considero que sempre os conheci bem e mantínhamos uma atitude de franqueza e frontalidade, por isso não posso dizer que tive e que tenho dias difíceis, apenas dias mais trabalhosos e até mais penosos, mas sempre os ultrapassei com dedicação e trabalho.


Agora é Director Pedagógico desta instituição. O que o levou à escolha desta profissão?
P.JC: Eu não escolhi, eu fui escolhido, o que são coisas totalmente diferentes. Eu quando fui convidado pelo Sr. Padre Clemente, estava cá há 10 anos, mas 5 anos depois de cá estar o Sr. Padre Clemente ofereceu-me o horário completo como professor, dando só aulas ao ensino secundário. Depois convidou-me para ser director de turma, delegado de disciplina e coordenador de cursos. Fiquei 5 anos a exercer estes cargos e no fim desses 5 anos fui convidado para Director Pedagógico. Penso que fui escolhido para esta função, pelo facto de o Sr. Padre Clemente ter atingido os 70 anos de idade, que por lei não poderia continuar a exercer a função de Director Pedagógico, achando que eu era a pessoa mais certa para o cargo, pelos meus ideais, pelas minhas ideias e pelo trabalho que até então tinha desenvolvido. O facto de eu ser bastante estudioso na matéria de administração educacional e por o Sr. Padre Clemente o saber, penso que ajudou. Fiz percurso de investigação em Espanha, e no Minho, agora parei um pouco mas estou à porta de concluir o doutoramento na área da administração educacional. Creio que por aí ele me tenha escolhido.


Há quanto tempo exerce a função de Director Pedagógico?
P.JC: Estou no cargo de Director Pedagógico há 10 anos integralmente, a caminho do 11º ano.


Pode explicar-nos quais as funções que desempenha no Colégio de São Gonçalo?
P.JC: Eu faço de tudo, desde a representação institucional ao exercício diário das funções. O habitual, entre a substituição de professores, a gestão da agenda diária, atender quem vem cá, atender os pais dos alunos, marcar reuniões, tratar de preparar as avaliações, tudo aquilo que tem a ver com provas de aferição passa por mim, embora tenha também assessores, o tratar de problemas de alunos, professores, directores de turma… Tudo isto são coisas que faço habitualmente.


Sente-se realizado com o que tem feito ao serviço do Colégio de São Gonçalo?
P.JC: É o meu posto de trabalho e tem sido um trabalho desafiador. Quando fazemos algo por gosto, como é o meu caso, eu estou na área da administração por gosto, não cansamos, por isso posso afirmar que me sinto realizado com o que tenho feito nesta instituição.


Considera que o Colégio de São Gonçalo foi importante na construção do seu ser?
P.JC: Claro, em todos os aspectos. Foi importante no inicio na questão dos valores, na questão da preparação para a vida, na questão da preparação para o mundo de trabalho e na preparação para ingressar na vida activa.


Recorde um episódio que o marcou até hoje desde que está ligado ao Colégio de São Gonçalo.
P.JC: No passado recente, o episódio que mais me marcou foi sem dúvida a festa dos 75 anos do Colégio de São Gonçalo. Acho que foi um momento bonito quer da escola, quer meu enquanto professor e Director Pedagógico. Num passado mais longínquo, não tem muito a ver com o Colégio, tem mais a ver com o que se passou, aquando do 25 de Abril de 1974, a contestação aqui à porta do Colégio, e o modo como os alunos mais velhos se comportaram/defenderam.


Gostaríamos que deixasse uma mensagem para os alunos desta instituição.
P.JC: A mensagem que eu posso deixar aos alunos do Colégio é que vocês devem tentar fazer sempre mais e melhor. Não é uma questão de “vamos fazer pelo Colégio”, mas é uma questão de “vamos fazer pelo Colégio mas sobretudo vamos fazer por nós”, porque se vocês fizerem por vós o Colégio ganha naturalmente. Tentar dar o máximo sempre, que é aquilo que eu faço. Há dias que custa, mas se nós formos capazes de dar o melhor de nós onde estamos, eu acho que naturalmente as coisas serão menos penosas e o sucesso é mais evidente.

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